quarta-feira, 31 de março de 2010

O Bioma cerrado e o "desenvolvimento"



O cerrado era um território sem fronteiras para os A’uwê, como se autodenominam os Xavante, até a década de 1940, antes da entrada expansionista pelo Brasil central e antes dos primeiros contatos em 1946. No bioma cerrado está tudo o que eles necessitam para viver. Além de ser fonte da produção e reprodução da sua sobrevivência física, o cerrado é fundamental para a perpetuação de sua cultura, de seus ritos e cerimônias tradicionais.
Um exemplo disso é o pé de buriti. O seu fruto serve como alimento e seus talos, do pequeno ao grande, são usados pelas mulheres para a confecção de cestos, com vários tamanhos e utilidades, de esteiras e na cobertura das casas. As palhas do talo são usadas pelos homens nos rituais.

O cerrado, segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, é a savana mais rica do mundo em biodiversidade. Estima-se que a região compreenda cerca de 5% de toda a biodiversidade do planeta, com a presença de ecossistemas variados, riquíssima flora com mais de 10 mil espécies de plantas, sendo que 4.400 são endêmicas (exclusivas) dessa área. A fauna apresenta 837 espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies, dezenove delas endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, sendo 45 endêmicas; apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e vespas.

Desde o contato com os não índios – warazu – muitas mudanças vêm ocorrendo na vida A’uwẽ e o mesmo vem acontecendo com o bioma cerrado. Prova disso são as estatísticas fornecidas pelo próprio Ibama, que atesta restar hoje apenas 20% de área de cerrado em estado conservado.

Em decorrência disso, podemos afirmar que as Terras Indígenas vêm se tornando verdadeiras ilhas verdes cercadas de devastação pelo “desenvolvimento”.


Texto e fotografia: Cristina Flória - Todos os direitos reservados

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